sábado, 13 de setembro de 2008

Terapia Nutricional

A terapia Nutricional
Na História da humanidade desde os mais remotos relatos, a terapia nutricional faz-se presente, como nos desenhos rupestres observados em cavernas, que sugere a preocupação com alimentação saudável e curativa. Nesses, a preocupação dos indivíduos retratados era traduzida por ofertar preparados líquidos, chás ou caldos, à enfermos deitados e inválidos. Na evolução da humanidade, paralela á evolução dos cuidados médicos, o ato de curar sempre esteve aliado à nutrição. Em artigos médicos antigos já se encontram escritas observações acerca de terapia farmacológica, técnicas cirúrgicas e cuidados gerais de assepsia e nutrição. Ofertar nutrientes cuidadosamente selecionados e elaborados para pacientes em repouso ao leito se associava a esperança do pronto restabelecimento (WAITZBERG & CAMPOS, 2004).
Os primórdios da terapia nutricional parenteral (TNP) datam de mais de 350 anos atrás, historicamente a nutrição parenteral (NP) segura e eficaz tenha se iniciado em 1916, quando Harvey (1628) descobriu a circulação sanguínea. Passadas algumas décadas, em 1665, Wren publicou estudos sobre infusão IV de vinho e opiáceos em cães. Em seus estudos, ele notou que o álcool recebido por esta via exercia o mesmo efeito inebriante que o ingerido oralmente por humanos (HARVEY, 1628; WRETLING, 1993; KFOURI, 1998; VINNARS & WILMORE, 2003). Um outro pioneiro, Courten, infundiu em 1712, óleo de oliva em um cão, em dose de aproximadamente 1 g/Kg de peso. O cachorro morreu com sintomas semelhantes aos da síndrome respiratória aguda, causada na maioria das vezes por embolia pulmonar gordurosa (COURTEN, 1712). Ainda seguindo os anseios de nutrir por via intravenosa pacientes que estariam impedidos de serem nutridos pelas vias fisiológicas, em 1832, Latta, um médico escocês, foi o primeiro a infundir água e sais em um paciente com cólera, o qual se recuperou e sobreviveu (LATTA, 1831).
O assunto suporte nutricional, a partir da década de 1960, passou a ser um assunto obrigatório no polígono da cultura médica mundial. A nutrição, por estar ligada a todos os aspectos somáticos do indivíduo, aos distúrbios do metabolismo de qualquer ordem, às alterações relacionadas a órgão e sistemas, à manutenção do perfil imunológico do indivíduo e à resistência ao trauma e à infecção, ocupa um espaço importante na prática clínica atual (KFOURI, 1998; ASPEN, 1998; ASPEN, 2002).
A partir de 1962 estudos e experimentos foram intensificados com o objetivo de demonstrar que a nutrição parenteral total era possível, prática, segura e eficaz. Foi utilizada a concentração de nutrientes já conhecida como essenciais, para promover o crescimento e desenvolvimento de cães-de-caça. Ficou demonstrado ser possível alimentar animais unicamente por veia e por longos períodos de tempo, sem excessivos riscos e sem comprometer o crescimento e desenvolvimento (KFOURI, 1998; ASPEN, 1998; ASPEN, 2002).
A necessidade de se manter nutrido o paciente que está inapto a alimentar-se constitui um importante fator terapêutico clínico e contou com grande avanço no início da década de sessenta quando o arsenal terapêutico voltado à nutrição recebe importante auxilio graças ao desenvolvimento de técnicas farmacológicas que proporcionam oferecer nutrientes com formulações nutritivas especiais para uso por via parenteral ou enteral (WAITZBERG & CAMPOS, 2004).

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